Homem que agrediu criança em festa junina do DF foi 'tomado por reação emocional extrema' ao ver bullying, diz defesa
16/06/2025
(Foto: Reprodução) Imagens mostram homem agredindo criança e mãe de outro aluno que tentou impedir. Ele assinou termo de compromisso e foi liberado. Homem agride criança durante festa junina em Vicente Pires, no DF.
A defesa de Douglas Filipe Parisio Lima, de 41 anos, acusado de agredir uma criança de quatro anos durante uma festa junina em Vicente Pires, no domingo (15), afirmou nesta segunda (16) que o homem foi "tomado por reação emocional extrema".
Em nota (veja íntegra abaixo), a defesa reconhece que Douglas Filipe errou na forma como reagiu, mas diz que ele foi movido pelo desespero ao presenciar mais uma agressão contra seu filho.
Na manifestação, o pai admite que sua reação foi inadequada.
"Errou. Ele não nega a falha na forma como reagiu, tampouco deseja se esquivar de suas responsabilidades. Está profundamente arrependido, triste e envergonhado", diz a nota.
Douglas Parisio se colocou à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos e pediu desculpas públicas à criança e à família afetada por sua conduta.
A defesa também aproveitou para fazer um apelo à sociedade e às instituições de ensino.
"Que este lamentável episódio sirva de alerta para a urgente responsabilidade que escolas têm em prevenir, combater e acolher situações de violência entre crianças."
Conforme apurou a TV Globo, o agressor informou à Polícia que "perdeu o controle" após ver a criança implicando com seu filho, alegando ainda que o garoto já tem um histórico de provocações contra seu filho em outras ocasiões.
O suspeito foi liberado após assumir o compromisso de comparecer à Justiça quando for chamado.
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O país com mais bullying no mundo
Colégio cita 'profundo pesar e absoluta indignação'
O Colégio Liceu também se manifestou publicamente. Em nota, a escola expressou “profundo pesar e absoluta indignação” diante das alegações feitas pelo pai envolvido no caso, Douglas Parisio.
A instituição classificou como “inaceitável e revoltante” a tentativa de justificar a agressão física contra uma criança, afirmando que os argumentos apresentados distorcem os fatos.
O colégio afirma ainda que se tratou de um desentendimento pontual entre as crianças durante uma apresentação, que estava sendo mediada por uma professora.
Antes que a mediação fosse concluída, o pai teria agido de forma “abrupta e violenta”, agredindo a criança e, em seguida, uma mãe de aluno que tentou intervir – e que é agente de polícia.
A escola repudiou qualquer tentativa de minimizar a gravidade do ocorrido e reafirmou seu compromisso com a segurança, o cuidado e a educação das crianças. Informou que prestou assistência às famílias envolvidas e está colaborando com as autoridades na apuração do caso. (veja íntegra mais abaixo).
Segundo o delegado da 38ª DP, Pablo Aguiar, que investiga o caso, a legislação é branda em relação a esse tipo de crime.
“Infelizmente, a nossa legislação é branda em relação a crimes como esse. Certamente, o policial e o delegado que analisaram o caso também são pais e se colocam no lugar dos responsáveis pela criança. No entanto, não há muito o que fazer. A legislação permite apenas a autuação que foi realizada, resultando na lavratura de um termo circunstanciado. O autor assinou um termo de compromisso para comparecer à Justiça e foi liberado. Isso, naturalmente, gera revolta”, declarou o delegado.
Como foi a agressão
Homem agride criança durante festa junina em Vicente Pires, no DF.
reprodução
Um grupo de alunos, com idade entre três e quatro anos, dançava no palco quando um menino enfiou o dedo no olho de outra criança.
Registros mostram que, em reação ao desentendimento, o homem que é pai de uma das crianças invadiu o palco e derrubou o garoto no chão. Ele segurou o menino pelo pescoço (veja o vídeo acima).
A criança agredida ficou assustada e começou a chorar. Logo em seguida, um segundo homem apareceu e empurrou o agressor.
A Polícia Militar (PMDF) precisou ser acionada e os envolvidos na briga foram conduzidos para o 8º Departamento de Polícia Civil para registro da ocorrência.
O que diz a defesa
"Venho, na qualidade de advogada do Sr. Douglas Parisio, apresentar manifestação pública a respeito dos fatos recentemente divulgados pela imprensa, envolvendo seu nome e sua conduta.
Desde o início do ano letivo, o filho do Sr. Douglas, Joaquim, tem sido alvo de constantes episódios de bullying e agressões físicas dentro do ambiente escolar, praticadas reiteradamente pelo colega Vinícius. Por diversas vezes, a família buscou o amparo da instituição de ensino, notificando o corpo docente e solicitando providências imediatas. Contudo, o que encontraram foi uma postura de omissão, silenciamento e conivência, que contribuiu para a perpetuação das agressões.
No episódio amplamente divulgado, o Sr. Douglas presenciou, com os próprios olhos, mais uma agressão praticada contra seu filho, ocorrida diante de todos, em pleno palco da escola. A situação se agravou ainda mais quando o menino Vinícius, além das agressões recorrentes, enfiou deliberadamente o dedo no olho de Joaquim, sem qualquer interferência, contenção ou ação por parte dos responsáveis pela segurança ou direção da instituição.
Diante dessa cena de violência e da total ausência de atuação da escola, o Sr. Douglas foi tomado por uma reação emocional extrema. Errou. Ele não nega a falha na forma como reagiu, tampouco deseja se esquivar de suas responsabilidades. Está profundamente arrependido, triste e envergonhado.
No entanto, é preciso compreender o contexto: um pai que vê seu filho, por meses, ser agredido e humilhado sem qualquer respaldo institucional, e que, em desespero, age movido pela urgência de proteger o que tem de mais precioso.
Reiteramos que o Sr. Douglas está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários e que este episódio será enfrentado com a seriedade que merece, respeitando os trâmites legais e as pessoas envolvidas.
Por fim, à sociedade, aos envolvidos, especialmente, à criança e à família afetada por sua conduta, o Sr. Douglas Parisio apresenta suas mais sinceras desculpas.
Que este lamentável episódio sirva de alerta para a urgente responsabilidade que instituições de ensino têm em prevenir, combater e acolher situações de violência entre crianças."
O que diz o Colégio Liceu
"O Colégio Liceu vem a público, com profundo pesar e absoluta indignação, esclarecer as recentes alegações feitas pelo responsável que protagonizou o grave episódio de violência ocorrido durante nossa Festa Junina da unidade do Guará, a qual foi realizada na cidade de Vicente Pires/DF.
É inaceitável e revoltante que, após um ato tão grave, um adulto tente justificar - ou sequer cogite justificar - uma agressão física contra uma criança, utilizando argumentos que distorcem completamente a realidade dos fatos.
Ao contrário do que alega o agressor, ao longo deste semestre, a escola sempre esteve aberta ao diálogo com as famílias e agiu com responsabilidade diante de qualquer situação que envolvesse o bem-estar dos alunos.
No caso das duas crianças, é importante esclarecer que a família do agressor procurou a coordenação pedagógica apenas uma única vez para tratar da convivência entre os colegas, e isso aconteceu há menos de um mês, durante uma reunião agendada especificamente para esse fim.
Assim que esse fato chegou ao nosso conhecimento, a escola tomou todas as providências cabíveis: comunicou imediatamente a outra família, que respondeu com prontidão e parceria, além de implementar medidas pedagógicas para garantir um ambiente ainda mais seguro e harmonioso para os alunos. Desde então, a convivência entre as crianças seguiu de forma tranquila e sem qualquer novo episódio.
Mais do que isso, é preciso esclarecer de forma objetiva e responsável: o que ocorreu no dia da Festa Junina foi um desentendimento pontual entre as duas crianças durante a dança.
A situação foi percebida pela professora que conduzia a apresentação no palco e que prontamente iniciou a mediação. No entanto, antes que pudesse intervir por completo, o próprio pai agiu de forma abrupta e violenta, agredindo fisicamente a criança, conforme se verifica pelos vídeos amplamente divulgados nas redes sociais e imprensa.
Como se não bastasse o ato de agressão à criança, o mesmo adulto também agrediu, com um tapa no rosto, a mãe de outro aluno que, ao presenciar o ocorrido e, por ser agente de polícia, deu voz de prisão ao agressor.
A maldade não está nas crianças, que agem movidas pela pureza e pela inocência próprias da infância. A maldade esteve nas mãos de um adulto que teve a audácia de romper todos os limites do aceitável, agredindo uma criança indefesa e uma mulher - mãe de um aluno da escola, deixando marcas emocionais profundas em toda uma turma de pequenos que, infelizmente, presenciaram tamanha violência.
A tentativa de transferir a responsabilidade pelo que aconteceu para uma criança de apenas 4 anos de idade e para a escola que sempre agiu com seriedade, prontidão e compromisso com o bem estar de seus alunos, é, além de absurda, uma ofensa à verdade e à confiança que todas as famílias depositam em nosso trabalho diário, o qual sempre foi feito com muito amor e responsabilidade com os nossos valores.
O Colégio Liceu repudia com veemência qualquer tentativa de minimizar ou relativizar a gravidade do ocorrido. Um ato de violência como esse não tem justificativa e jamais será tolerado dentro de nossa escola.
Seguimos firmes no nosso propósito de educar, proteger e cuidar de cada criança. Reafirmamos nosso compromisso com a verdade, com a segurança e com o bem estar de todos os nossos alunos. Agradecemos, mais uma vez, o apoio e a confiança das famílias que, assim como nós, repudiam com indignação qualquer forma de violência.
Informamos que a escola tomou todas as medidas de segurança no momento da agressão, garantindo a segurança de todos os presentes, inclusive do agressor.
Por fim, informamos ainda que a escola está prestando toda a assistência necessária às famílias, além de estar contribuindo com as autoridades competentes para apuração e investigação sobre o caso."
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